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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Que sociedade queremos?

Na verdade, acho que o correto seria dizer que sociedade estamos criando? Ontem à noite, por volta das 19h, estava caminhando pela orla de Ilhabela, fazendo meu exercício diário, quando me deparei com um grupo de crianças, mais ou menos cinco ou seis, com idades máximas entre 8, 9 anos. Eles brincavam na ciclovia em frente à praia do Engenho D’Água com as sementes que caem dos pés de chapéu de sol. Na verdade não posso chamar aquilo de brincadeira. Eles estavam tentando depredar as luminárias que foram instaladas recentemente, na maior cara de pau possível, gargalhando às favas.
Parei meu exercício, boquiaberta com a cena, encarei-os por alguns segundos e os interpelei, tentando chamar-lhes à razão. Qual não foi a minha surpresa quando desistiram de acertar a luminária e passaram a me atingir. Corri e eles ficaram lá, rindo muito da minha cara, além de conseguirem o feito: quebrar a luminária que foi colocada ali única e simplesmente para dar mais segurança à população, inclusive a eles próprios.
Fiquei revoltada com a situação. Não com os minidelinquentes, mas com os responsáveis por sua criação. Pais despreparados, inconsequentes que largam seus filhos à própria sorte, ou ainda, como diria minha avó, “a Deus dará”. Lembrei que quando eu tinha essa idade, jamais estaria a perambular pelas ruas nesse horário, meus pais nunca permitiram isso. Na época, eu me sentia a pior das criaturas, mas hoje sei agradecer e dar valor às atitudes dos meus pais. Aliás, eu jamais atentaria contra um bem público, pois eles me ensinaram muito cedo a cuidar do que é meu e respeitar o que é dos outros.
Assim, voltei caminhando e refletindo, pensando na sociedade que estamos criando, deixando crescer sem limites essa geração que será responsável por conduzir o país num futuro bem próximo. O ‘pirralhinho’ inocente que hoje atira um ‘coquinho’ e quebra uma luminária, ou ainda, o menininho sorridente que hoje mata um passarinho com estilingue, pode ser o assassino que invade uma escola armado até os dentes e dispara contra inocentes amanhã.
Longe de entrar em todos os demais fatores que podem influenciar o caráter do ser humano, quero focar apenas no principal: a educação. Diz um dito popular que a educação vem de berço e acredito piamente nisso. Pitágoras, que nasceu a 570, 560 anos antes de Cristo, já dizia “Eduquem as crianças e não será preciso castigar os homens”. Mas hoje, mais de dois mil anos passados, continuamos a cometer os mesmos erros.
Os valores foram invertidos e ficou muito fácil colocar filho no mundo e esperar que o poder público ofereça toda estrutura necessária à sua criação, com creches, escolas e universidades de qualidade. Sim, isso é mais do que necessário, mas existem valores e conceitos que precisam ser passados ainda no ventre. E essa tarefa não pode ser incutida a um professor. Ela é inerente dos pais, dos genitores. A criança deve chegar à escola sabendo noções de respeito ao próximo, de higiene, regras básicas de convivência. Mas hoje, o que se vê, é completamente o inverso. O professor chega à sala de aula, após quatro, cinco anos de formação numa universidade, tem que adaptar seu conhecimento à falta de estrutura encontrada nas escolas, muitas vezes tendo que adquirir material didático com o seu próprio salário, que diga-se de passagem, é uma vergonha, e ainda por cima lidar com a falta de educação dos alunos, pois nem o mínimo os pais se dispuseram a fazer: educar. É realmente revoltante.
Sei que não consigo mudar o mundo sozinha, que palavras o vento leva e que existem coisas muito mais graves e importantes acontecendo no mundo. Sei ainda que muita gente vai concordar com o meu ponto de vista e que outros discordarão, mas minha intenção é apenas dividir com vocês um pouco dessa preocupação que deveria ser de todos, principalmente daqueles que possuem o poder de realizar mudanças em toda a sociedade, começando na sua própria casa, no seu quintal, no berço, no ventre.

Leninha Viana

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