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terça-feira, 19 de abril de 2011

Pais na cadeia

Na última vez que sai de Ilhabela, no domingo passado, às 6:30 da manhã, fiquei pasma com três jovens mães com bebês nos colos e outra mulher, já não tão jovem assim, indo visitar maridos e filhos na cadeia!!!!!
Mostra que a policia está efetiva, mas mostra que estas famílias e estas crianças vivendo neste ambiente precisam também de apoio psicológico. Será que existe isso? Fico pensando o que estes pais fizerem para estar na cadeia, o que farão quando sair da cadeia? Ao redor destas mães com crianças de colo, havias outras crianças um pouco maiorzinhas que pulavam, brincavam... Iam visitar o pai...
Penso que a prefeitura de Ilhabela precisa de amplo e sério Serviço de Assistência Social para prevenção de infração por este contingente enorme de pessoas que vieram de fora e achando-se longe do seu estado permitem-se a comportamentos engessados de sertão.
Disto também sou testemunha.

Atenciosamente
Sofia Fonte, moradora do sul da ilha.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Que sociedade queremos?

Na verdade, acho que o correto seria dizer que sociedade estamos criando? Ontem à noite, por volta das 19h, estava caminhando pela orla de Ilhabela, fazendo meu exercício diário, quando me deparei com um grupo de crianças, mais ou menos cinco ou seis, com idades máximas entre 8, 9 anos. Eles brincavam na ciclovia em frente à praia do Engenho D’Água com as sementes que caem dos pés de chapéu de sol. Na verdade não posso chamar aquilo de brincadeira. Eles estavam tentando depredar as luminárias que foram instaladas recentemente, na maior cara de pau possível, gargalhando às favas.
Parei meu exercício, boquiaberta com a cena, encarei-os por alguns segundos e os interpelei, tentando chamar-lhes à razão. Qual não foi a minha surpresa quando desistiram de acertar a luminária e passaram a me atingir. Corri e eles ficaram lá, rindo muito da minha cara, além de conseguirem o feito: quebrar a luminária que foi colocada ali única e simplesmente para dar mais segurança à população, inclusive a eles próprios.
Fiquei revoltada com a situação. Não com os minidelinquentes, mas com os responsáveis por sua criação. Pais despreparados, inconsequentes que largam seus filhos à própria sorte, ou ainda, como diria minha avó, “a Deus dará”. Lembrei que quando eu tinha essa idade, jamais estaria a perambular pelas ruas nesse horário, meus pais nunca permitiram isso. Na época, eu me sentia a pior das criaturas, mas hoje sei agradecer e dar valor às atitudes dos meus pais. Aliás, eu jamais atentaria contra um bem público, pois eles me ensinaram muito cedo a cuidar do que é meu e respeitar o que é dos outros.
Assim, voltei caminhando e refletindo, pensando na sociedade que estamos criando, deixando crescer sem limites essa geração que será responsável por conduzir o país num futuro bem próximo. O ‘pirralhinho’ inocente que hoje atira um ‘coquinho’ e quebra uma luminária, ou ainda, o menininho sorridente que hoje mata um passarinho com estilingue, pode ser o assassino que invade uma escola armado até os dentes e dispara contra inocentes amanhã.
Longe de entrar em todos os demais fatores que podem influenciar o caráter do ser humano, quero focar apenas no principal: a educação. Diz um dito popular que a educação vem de berço e acredito piamente nisso. Pitágoras, que nasceu a 570, 560 anos antes de Cristo, já dizia “Eduquem as crianças e não será preciso castigar os homens”. Mas hoje, mais de dois mil anos passados, continuamos a cometer os mesmos erros.
Os valores foram invertidos e ficou muito fácil colocar filho no mundo e esperar que o poder público ofereça toda estrutura necessária à sua criação, com creches, escolas e universidades de qualidade. Sim, isso é mais do que necessário, mas existem valores e conceitos que precisam ser passados ainda no ventre. E essa tarefa não pode ser incutida a um professor. Ela é inerente dos pais, dos genitores. A criança deve chegar à escola sabendo noções de respeito ao próximo, de higiene, regras básicas de convivência. Mas hoje, o que se vê, é completamente o inverso. O professor chega à sala de aula, após quatro, cinco anos de formação numa universidade, tem que adaptar seu conhecimento à falta de estrutura encontrada nas escolas, muitas vezes tendo que adquirir material didático com o seu próprio salário, que diga-se de passagem, é uma vergonha, e ainda por cima lidar com a falta de educação dos alunos, pois nem o mínimo os pais se dispuseram a fazer: educar. É realmente revoltante.
Sei que não consigo mudar o mundo sozinha, que palavras o vento leva e que existem coisas muito mais graves e importantes acontecendo no mundo. Sei ainda que muita gente vai concordar com o meu ponto de vista e que outros discordarão, mas minha intenção é apenas dividir com vocês um pouco dessa preocupação que deveria ser de todos, principalmente daqueles que possuem o poder de realizar mudanças em toda a sociedade, começando na sua própria casa, no seu quintal, no berço, no ventre.

Leninha Viana

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cresce número de cidades com planos de metas, mas implementação enfrenta resistências


Em cidades em que não há planos de metas ou eles não funcionam, sociedade civil organizada monitora as ações de prefeituras

Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual Publicado em 07/04/2011, 14:45

Resistência a programa de metas é resultado da falta de cultura de planejamento público, dizem especialistas

São Paulo - Nos últimos três anos, 16 cidades brasileiras adotaram leis que exigem de seus prefeitos a apresentação de um programa de metas para a gestão. Os chefes do poder Executivo têm, em geral, 90 dias, após a posse, para apresentar metas de governo. Apesar de representar um avanço na transparência das contas públicas, a iniciativa enfrenta resistência nas prefeituras.A ideia, no curto prazo, é que os políticos transformem as promessas apresentadas durante a campanha eleitoral em metas, com prazos para colocar em prática. “O Executivo vai ter 90 dias para transformar promessas em metas e metas em compromissos com o desenvolvimento sustentável, combate à miséria, à desigualdade social, preservação ambiental...”, explica Oded Grajew, integrante da Rede Nossa São Paulo, uma das principais defensoras dos planos de meta.Em uma perspectiva de mais longo prazo, além de obrigar o Executivo a planejar melhor a gestão pública e trabalhar com transparência, o mecanismo também deve mudar a mentalidade dos políticos durante a campanha eleitoral. “Proponho fazer um registro das promessas dos candidatos bairro por bairro para depois comparar com o plano de metas”, sugeriu o padre Ticão, pároco de uma Igreja da zona leste de São Paulo, durante balanço do plano de metas de São Paulo. São Paulo foi a primeira cidade brasileira a aplicar o conceito inspirado na cidade de Bogotá, capital da Colômbia. A exigência de um plano de metas para o chefe do Executivo da capital paulista foi aprovado em fevereiro de 2008, com uma emenda à Lei Orgânica do município. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM) assumiu o cargo em 2009 com essa incumbência.Apesar de ter apresentado o plano, ele não se mostra muito preocupado com sua execução. O balanço do segundo ano do plano de metas, apresentado na quarta-feira (6) mostrou que apenas 10,7% das metas apresentadas em 2009 pelo prefeito foram cumpridas. O prefeito, convidado para o balanço que ocorreu na quarta-feira (6), não compareceu à atividade, nem enviou representantes da prefeitura paulistana.Além da capital paulista, Capivari, Mirassol, Barra Bonita, Taubaté, Penápolis, Araraquara, Ribeirão Bonito, Ilhabela e Itapeva, todas no estado de São Paulo, aderiram à exigência de um plano de metas para as prefeituras.No estado do Rio de Janeiro, Teresópolis e Niterói adotaram planos de metas. Na cidade do Rio, um projeto tramita na Câmara dos Vereadores. O prefeito Eduardo Paes (PMDB), mesmo sem a obrigatoriedade, apresentou uma plano estratégico e realizou duas prestações de contas. Na Bahia, Eunápolis e Ilhéus adotaram e em Minas Gerais, Formiga e Ouro Branco.


Sem a mínima ideia


Apesar de estarem em vigor em várias cidades, os planos de metas enfrentam a resistência dos gestores e a falta de cultura de planejamento público, apontam especialistas ouvidos pela Rede Brasil Atual.

Para o diretor executivo do Instituto Ilhabela Sustentável, Carlos Nunes, “as prefeituras não têm a mínima ideia do que é um plano de metas e não estão preparadas”. Mesmo com dificuldades, ele sustenta que os planos de metas são essenciais e deveriam ser estendidos para todas as cidades. “O plano de metas deveria abranger todo o Brasil”, aponta.Em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, a lei de metas foi aprovada em 2008 e no ano seguinte, o prefeito Toninho Colucci (PPS), ao assumir o mandato, pediu mais tempo para se preparar. “Esse governo disse ‘não estou preparado mas me comprometo a fazer em 180 dias’”, descreve Nunes. O Legislativo tentou manter a imposição dos 90 dias e o prefeito entrou na Justiça para barrar a lei. Ao final, com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), o prefeito conseguiu derrubar a lei de plano de metas. Em junho de 2010, mesmo sem a obrigatoriedade, o prefeito apresentou um esboço de plano de metas. Um dos problemas na elaboração dos programas de metas, segundo Nunes, é a falta de preparo dos gestores públicos para entender a diferença entre meta e indicadores. “Meta tem de ter número para quantificar quanto atingiu e não atingiu”, explica. Agora, o instituto trabalha para que uma nova lei possa ser aprovada e a lei das metas seja restabelecida. Em Ribeirão Bonito (SP), município a 260 quilômetros da capital, a cidade já sofreu com a cassação de dois prefeitos e quatro vereadores. O projeto que cria a lei de metas foi aprovado em meados de 2008 e em março de 2009, o prefeito Paulo Veiga (PPS) apresentou um plano de metas para a cidade. Uma análise mais apurada de especialistas da ONG Amigos Associados de Ribeirão Bonito (Amarribo) detectou que o documento da prefeitura não continha exatamente um plano de metas. Desde abril de 2009, o plano passa por um processo de reformulação. Segundo a prefeitura, será criado um grupo multisetorial para acompanhamento do plano de metas.


Mudança


Para Grajew, da Rede Nossa São Paulo, há gestores que têm dificuldade de compreender o funcionamento do plano de metas, por se tratar de elementos que não fazem parte da cultura de gestão pública no Brasil. Mas há gestores que apenas não querem se comprometer. “Ele sabe que aquela promessa é só de campanha”, cita. Independentemente do motivo, ele acredita que o quadro vai mudar. “Os prefeitos vão ter de reaprender, mudar e se comprometer com a lei de metas”, aponta. Na análise de Nunes, do Instituto Ilhabela Sustentável os planos de metas abrem "uma nova era" na administração pública. "O prefeito é como um presidente de empresa que tem contrato temporário. Depois de quatro anos ele deixa a empresa e ela tem de continuar", exemplifica. "O administrador público é temporário, mas a cidade e os recursos são nossos." Ele questiona se, numa empresa familiar, a direção seria dada a qualquer um. "Por que daríamos a cidade para qualquer um então?", provoca.