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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Gravidez na adolescência: Uma história real

            Me chamo B.C.A., tenho 16 anos, moro com meus pais, tenho 3 irmãos, meu pai trabalha muito, pouco o vejo, minha mãe fica em casa, é bem presente na minha vida, mas ela é chata, pega muito no meu pé. Quando fiz 14 anos, achava ter ganho minha liberdade, pensava que eu pudesse fazer o que quisesse, e sendo mais velha, com aquele sangue jovem transbordando de hormônios, a mil, ninguém mais ia me encher o saco.
            E assim foi, tinha minha turminha, que quando nos juntávamos éramos invencíveis, íamos a festas, paquerá-vamos, ficava com uns carinhas, era muito legal. Estudo? Que nada, a gente matava aula direto; enfim, adorava essa vida onde eu vivia só pra mim.
            Até que um belo dia, fiquei com um carinha que eu adorei, rolou um super clima, foi um lance muito legal, de nós dois. E aí começou a rolar de tudo, a paixão bateu, era uma loucura, só queria estar com ele; e como minha mãe nunca me ensinou como fazer direito as coisas, ou até me ensinou, mas nem escutei de tanto que ela me enchia o saco, eu segui só a minha vontade de namorar, e muito; fazia uma tabelinha que minha amiga usa e dá certo, pra não engravidar. Achava que minha vida era um arco-íris, como se cada atitude não tivesse uma consequência, e ai é claro, engravidei.
            A primeira pessoa com quem fui falar foi com o meu amor, ele ficou sentido, disse que iríamos passar por essa juntos, mas depois deste dia nunca mais foi a mesma coisa, e ele seguiu a vida dele, como se nada estivesse crescendo dentro de mim.
            Me afastei da escola, e pensava: -“se pudesse voltar no tempo, como eu gostaria de me dedicar aos estudos”; me afastei das minhas amigas, porque eu, grávida, não era mais a mesma; ah se pudesse voltar no tempo, eu teria aproveitado melhor minha liberdade, era só ter usado um pouco a cabeça, era simples, era só eu ter ido a um postinho de saúde, marcado uma consulta grátis com um ginecologista, e ninguém ficaria sabendo que eu tinha ido, assim o postinho perto de casa me daria a pílula certa pra eu tomar, e eu tomaria direitinho, igual o médico teria me ensinado;
            Agora, se eu pudesse gritar: SOCORRO, EU NÃO QUERO SER MÃE, QUERO SER UMA JOVEM, LIVRE, COM ESTUDOS A COMPLETAR, COM GAROTOS PRA PAQUERAR, COM AMIGAS PRA SAIR.  E não ter que aceitar qualquer emprego que surgir, e ter que cuidar de um filho lindo que tem orgulho de ser meu.
Esta é uma história fictícia que se parece com muitas histórias verdadeiras, enviada por Luciana Kern, fisioterapeuta moradora de Ilhabela, sobre o problema da gravidez indesejada na adolescência.